segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas no Brasil

Depois do caso muito noticiado pela mídia paulista, sobre Vanessa, 25 que foi torturada, estuprada e morta por um homem que já a perseguia, veio a tona o debate sobre a violência contra a mulher. Assim, foi divulgada hoje uma pesquisa sobre violência doméstica, publicado pelo site da band. Reproduzo aqui a reportagem com alguns comentários:

A cada dois minutos, cinco mulheres são agredidas violentamente no Brasil. E já foi pior: há 10 anos, eram oito as mulheres espancadas no mesmo intervalo, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Fundação Perseu Abramo em parceria com o Sesc. 


Realizado em 25 Estados, o levantamento ouviu mais de 2.300 mulheres e mil homens com mais de 15 anos. Segundo o supervisor da pesquisa, os dados mostram que a violência contra a mulher não é um problema privado, de casal, mas social e que exige políticas públicas. o repensar da nossa forma de socialização.

O levantamento conclui que mais de sete milhões de mulheres já sofreram agressões e que a  pequena diminuição do número de mulheres agredidas entre 2001 e 2010 pode ser atribuída, em parte, à Lei Maria da Penha. 

Entre os pesquisados, 85% conhecem a lei e 80% aprovam a nova legislação. Mesmo entre os 11% que a criticam, a principal ressalva é ao fato de que consideram que a lei é insuficiente.



Últimos Casos famosos

Um dos casos de violência contra a mulher que ganharam maior repercussão é o da advogada Márcia Nakashima. Ela desapareceu em 23 de maio deste ano. O corpo foi encontrado no dia 11 de junho em uma represa em Nazaré Paulista, no interior de São Paulo.
Seu ex-namorado, o também advogado Mizael Bispo de Souza, foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Ele e o vigia Evandro Bezerra da Silva tiveram a prisão preventiva decretada. 
Na última semana, também chamou a atenção o caso da supervisora de vendas Vanessa Duarte, de 25 anos. Ela desapareceu no dia 12 de fevereiro ao sair da casa do noivo em Barueri, na Grande São Paulo. Seu corpo foi encontrado no dia seguinte em Vargem Grande Paulista, que fica a 45 quilômetros da capital paulista. Segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal), ela foi torturada e estuprada antes de ser morta por estrangulamento.

fonte: redação do site da bandnews

Quando casos de violência aparecem na mídia, volta-se sempre a discussão acerca da violência doméstica e da importância da lei Maria da Penha. No entanto os casos que são mais enfatizados são casos de mulheres que possuem um lugar privilegiado socialmente, não desconsiderando que a violência doméstica é um problema que abrange mulheres de todos os lados da dinâmica social, mas é bom ressaltar que quase nunca se falam das mulheres que todos os dias são esfaqueadas no interior do Ceará, por exemplo. Por mais que essa discussão não possa ser negligenciada e esquecida, devemos lembrar que a violência doméstica é só uma das inúmeras opressões que a mulher sofre em sociedade. A legitimidade da violência do homem contra a mulher só a pouco tempo  foi questionada pelos órgãos públicos e colocada no cernes da questão sobre relação de gênero e família. No entanto, essa legitimidade foi sempre usada para confinar a mulher ao lar durante toda a história do desenvolvimento da sociedade capitalista. Além do mais, pouco se questiona sobre a violência moral e social que a mulher sofre todos os dias em todas as partes da vida social. Entender que a violência doméstica é uma manifestação da opressão maior que se impõe socialmente sobre a mulher é entender que para se pensar no fim desse absurdo é necessário se pensar no fim de toda uma forma de se relacionar baseada na expropriação moral e física e nas desigualdades como necessidades para o bom funcionamento da sociedade atual. Isso não significa que a conquista de leis como a Lei Maria da Penha não represente nada na luta contra a violência e que não possamos lutar a favor da legalização do aborto, por exemplo. Significa apenas que ao pensar sobre a superação do machismo devemos pensar também que isso só pode ser possível se a lógica do Capital for atacada. Não somos apenas mulheres cansadas de apanhar. Somos mulheres, trabalhadoras, mães e estudantes que cansaram de viver em uma sociedade que nos impõe opressão todos os dias. Somos mulheres, trabalhadoras, mães e estudantes que lutam por um mundo onde sejamos socialmente iguais,humanamente diferentes e completamente livres.




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