quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Condição de Mulher

Mais do que minha solidão, o que me dói é minha condição de mulher.
Ser subserviente, inferior, submisso e submetido. Nada além das dores do coração caracterizam uma mulher. Nada além de sua capacidade de ser mais ou menos do que outra e sentir mais ou menos que os outros. A sociedade que nos criou, criou-nos a imagem e semelhança do que é apêndice, do que necessita de um algo pra viver e não de algo autônomo. Somos sempre segundo plano, sempre o segundo sexo.
A sociedade que nos criou, fez também pessoas solitárias, perdidas em seus medos e desencantos e, no entanto, nenhuma dessas dores individuais é maior do que a condição de ser mulher: um não sujeito da história, um não estereótipo de sujeito ideal, sempre escrava, serva, sempre mulher.     
E quando nos querem estamos prontas a servir, a aceitar a condição eterna de ser menos do que o outro, de ser menos do que o homem.
Que seja! A sociedade que nos criou, apenas criou mazelas, desigualdades, apenas criou transtornos históricos que marcam a ferro e fogo a história desse dito ser humano e que sendo assim, exige transformação.
Se me dói a condição de ser mulher, dói mais pensar que o ser humano ainda não nasceu. Que até aqui vivemos sem saber ao certo nossa capacidade de criação, criamos apenas o que a lógica dessa sociedade exige.
E todos, homens e mulheres são subservientes e servos; escravos e calados. Todos são, sem exceção, mulheres do capitalismo.                                 

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